Como disse certa vez o pesquisador Fábio Nascimento (LIOc/COPPE/UFRJ), “a galera da instrumentação oceanográfica bota o ovo e não cacareja”. Produz muito, entrega resultados essenciais para a ciência e para a indústria, mas raramente fala sobre isso.
Foi justamente essa provocação que acendeu um novo movimento dentro da Atlantec após o OMARSAT anterior. E a fala de Gustavo Batistell, gestor técnico de laboratório, no XVI OMARSAT 2025 em Cabo Frio – RJ, deixa claro como essa mudança já está trazendo impacto para o ecossistema oceanográfico brasileiro.
Com mais de duas décadas de atuação técnica e operacional, a Atlantec era amplamente reconhecida nos bastidores: manutenção precisa, instrumentação confiável, suporte especializado. Entretanto, faltava dar visibilidade ao que estava sendo construído. Esse ponto de virada veio no OMARSAT anterior em 2023, quando a empresa decidiu “cacarejar” — comunicar melhor, se aproximar do mercado e participar de forma mais ativa do ecossistema.
Desde então, várias ações concretas foram realizadas e destacadas por Gustavo, indo além do posicionamento comercial:
O apoio formal da Atlantec ao INPO (Instituto Nacional de Pesquisas Oceânicas) que se consolidou no OMARSAT anterior a partir da reunião ente empresários e a Diretora de Infraestrutura e Operações do INPO, Janice Trotte Duhá.
O apoio técnico ao Projeto Boias Livres do LabECO/VeleiroECO/UFSC. Onde Gustavo contribuiu diretamente com o projeto do Pesquisador Pedro Veras Guimarães (LabECO/VeleiroECO/UFSC), participando na especificação do sistema de energia das boias, no design dos painéis solares e no processo de importação dos materiais. Boias estas que já foram inclusive testadas em algumas ocasiões, lançadas do próprio VeleiroECO e, durante Novembro de 2025 da 44ª Operação Antártica (OPERANTAR) do Navio Polar “Almirante Maximiano” da Marinha do Brasil, reforçando o impacto prático dessa colaboração.
Consequentemente, o apoio ao INPO e ao LabECO acabaram levando à contribuição voluntária em reuniões, documentação e workshops para impulsionar ciência e inovação em iniciativas estratégicas para a instrumentação oceanográfica brasileira com a RInstrO (Rede de Instrumentação, Robótica e Melhores Práticas) dentro do âmbito da ReNOMO (Rede Nacional de Observação e Monitoramento Oceânico).
Com isso, a empresa começou a oferecer sua expertise — adquirida em 22 anos de atuação — para ajudar laboratórios, pesquisadores e equipes de inovação na resolução de problemas técnicos e na integração de sistemas complexos.
Outra ação importante foi o movimento de aproximação com a ACATE (Associação Catarinense de Tecnologia), através do programa Vertical de Energia e do evento EnergyShow no ecossistema empreendedor catarinense. As empresas da ACATE são referência nacional e internacional em inovação e Gustavo reforça que esse ecossistema colaborativo cria um ambiente fértil para parcerias, contratos, participação em licitações, desenvolvimento de projetos conjuntos, etc.
A Atlantec passa a se posicionar não apenas como empresa técnica, mas também como parte de um ambiente que favorece inovação e empreendedorismo. O Energy Show, que ocorre anualmente em Maio, é um desses espaços onde a empresa, uma das organizadoras do evento, fomenta conexões e novas oportunidades. Por esse motivo, Gustavo convida tanto os potenciais participantes quanto empresas/instituições potenciais patrocinadoras a entrar em contato e reservar 18 a 21 de Maio de 2026 em suas agendas.
CCUS – Carbon Capture, Utilization and Storage, a janela estratégica mais promissora do momento:
O trecho mais estratégico da fala aborda a crescente área de CCUS — um tema que está em evidência globalmente. E aqui há uma oportunidade real para pesquisadores e empresas com capacidade técnica, especialmente em monitoramento e integração de sistemas.
Por que esse é o momento perfeito? O mundo discute captura e mitigação de carbono, mas ainda não há normas ou regulamentações claras. O mercado vem se estabelecendo agora.
A ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) já iniciou movimentos formais, incluindo:
-Relatório sobre a implementação do marco regulatório de CCUS” de 25/04/2024 e rev. 13/02/2025;
-Nota Técnica Nº 3/2024/STM-AUT/STM/ANP-RJ “Enquadramento de projetos de PD&I relacionados ao armazenamento geológico de CO₂” de 01/11/2024;
-Dos 67 desafios de P&D publicados no edital NAVE de 11/2024, pelo menos 5 estavam diretamente relacionados a CCUS.
A Petrobras é pioneira e já opera quatro hubs e um piloto de reinjeção de CO₂, o que acelera todo o mercado. Total Energies e Petronas também demonstraram interesse, reforçando o potencial econômico.
O papel estratégico da Atlantec no CCUS. Gustavo destaca um caminho inteligente: não é preciso — nem viável no curto prazo — desenvolver sensores exclusivos. A oportunidade está na integração de sistemas, na modelagem, nos alertas, na análise de risco de vazamento, no monitoramento de reinjeção e no uso de parâmetros complementares como O₂ e correntes para garantir uma solução de domínio nacional.
Tudo isso é facilmente justificável pela combinação do interesse do mercado em financiar tais estudos, por artigos científicos que indicam a factibilidade e pelo trabalho da ANP trabalhando nas recomendações que em breve devem chegar à regulamentação.
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